Fizemos nosso encontro da Confraria do Leo no dia 23/01/2017 no Restaurante Caruaru, quando degustamos vinhos de altíssima qualidade. Três deles contemplados com mais de 95 pontos e foi uma noite memorável. Como segue:
Domaine de Bila-Haut Occultum Lapidem, 2010, Languedoc Roussillon, França
Executado por Michel Chapoutier, um cultuado enólogo e produtor francês, que produz este rótulo na região do Languedoc Roussillon, no Sul da França. Produzido com Shiraz, Grenache e Carignan, este vinho estagia metade do seu volume em tanques de inox e a outra metade em carvalho francês.
Aromas muito agradáveis, macios, suaves, com destaque para frutas negras, como mirtilos e cerejas, e notas florais de alfazemas. Na boca é frutado, potente, fresco, estimula a salivação e pede mais um gole, muita persistência, taninos bem presentes e macios, excelente acidez e muito equilíbrio.
Um vinho de caráter meditativo, noturno, que me fez imaginar uma noite em um ótimo clube de jazz, embalado por boa companhia e música suave, quem sabe de Miles Davis ou John Coltrane...
Excepcional!
Avaliação:
CL 96
Wild Duck Creek Springflat Shiraz, 2000, Heathcote, Vitoria, Austrália
A empresa familiar Wild Duck Creek nasceu em 1974, quando David Anderson (conhecido como Duck) e sua esposa Diana plantaram as primeiras videiras na região de Heathcote, no Estado de Vitoria, no Sul da Austrália, localizada a cerca de uma hora de Melbourne. Hoje, Duck e seu filho Liam dirigem a vinícola e têm como lema, dedicar-se a produzir grandes vinhos, equilibrados, com personalidade e muito sabor, para enriquecer e agradar aos sentidos.
O vinho foi produzido 100% com a uva símbolo da Austrália, a Shiraz, e estagiou 45% do volume em barris de carvalho francês e americanos novos.
O aroma é bem intenso de frutas vermelhas sortidas, balsâmico e ameixas secas. Na boca também é intenso, alcoólico, encorpado, persistente, tem forte acidez, possui taninos muito bem domados, levemente adocicado, realmente é um vinho que não passa desapercebido. Como este exemplar já tem 17 anos, pode ter perdido um pouco do esplendor, mas ainda é um ótimo vinho e segurou bem o peso dos anos. Uma boa harmonização poderia ser conseguida com carnes um pouco mais gordurosas grelhadas, como fraldinha e contra-filé.
Muito bom vinho.
Avaliação:
CL 91
Chateneuf du Pape La Vue Du Chai, Xavier, 2009, Vale do Rhône, França
Produzido pela empresa Xavier Vins, cujo proprietário é Xavier Vignon, um reconhecido enólogo e consultor, que já percorreu muitas vinícolas mundo afora. Desde 2002 se dedica à compra da produção de vinhos de qualidade de pequenos produtores (têm mais de 20 que fornecem a ele), muitos dos quais ele mesmo prestava consultoria, e a partir daí ele elabora o blend, conforme o seu critério e experiência, para vender seus próprios rótulos, buscando destacar as características da DO (Denominação de Origem) de onde ele adquire o vinho. Com este sistema ele vende seus rótulos das regiões de Chateneauf du Pape, de Gigondas, de Vaqueyras, de Côtes du Rhone e outros.
Aqui degustamos o Chateneauf du Pape La vue du Chai Xavier, que traz 55% de grenache, 35% de mouvedre e de 15% de shiraz, que foi produzido nesta famosa e icônica região do Sul da França, às margens do Rio Rhône, próxima à Avignon. Estagia o vinho por 2 anos em carvalho francês de segundo uso.
O aroma é de média intensidade, muito agradável e macio, destacando frutas negras e vermelhas muito maduras, como cerejas, cassis, groselha, morango em compota e chocolate amargo. Ao longo do tempo o aroma decai um pouco, mas não compromete. Na boca é aveludado, suave, taninos muito macios, é equilibrado, traz muita persistência, um leve amargor bem agradável e madeira suave.
Um grande Chateneauf du Pape, com muita qualidade e sabor.
Avaliação:
CL 93
J J Hahn 1914 Block, Shiraz, 1998, Vale Barossa, Austrália
A J J Hahn foi fundada em 1997 pelos descendentes da família Hahn, James e Jacqui, que já possuiam uma história familiar com a produção de vinhos e o enólogo Rolf Binder, que desde 2010 é o principal administrador. Localizada no Vale Barossa, no Estado da Austrália do Sul, próximo à cidade de Adelaide. A filosofia da empresa é apenas produzir este rótulo nas safras consideradas excepcionais, para que mantenham a excelência do produto e garantam o valor almejado.
Este vinho 100% shiraz, estagiou em carvalho americano, sendo 1/3 novos.
Um vinho de quase 20 anos, que envelheceu muito bem e que empolga em cada aspecto. No nariz mostra uma notável complexidade, destacando aromas como couro, baunilha, amarula, physalis, café e terra molhada. Na boca destaca a acidez, mas é macio, está domado. Curiosamente surgiram algumas notas de frutas amarelas como carambola e damasco, como a de algum ótimo vinho branco. Um vinho que realmente surpreende. Apresentou uma forte evolução ao longo da degustação. A acidez é tão intensa e saborosa que dá frescor, complexidade, intensidade e persistência. O final da garrafa é para lamentar.
Avaliação:
CL 96
Este é um verdadeiro ícone moderno da vinicultura portuguesa, onde podemos encontrá-lo presente em praticamente todas as listas dos grandes vinhos deste país.
Cornas M. Chapoutier 1999, Cornas, Vale do Rhône, França
Provamos outro rótulo de Michel Chapoutier, este produzido na região de Cornas, a qual nomeia o rótulo.
A região de Cornas é um pequeno povoado, localizado às margens do Vale do Rhône, ao Sul de Lyon e tem como tradição o cultivo de uvas Shiraz.
Produzido com Shiraz estagiou 80% do volume por 14 meses em carvalho francês, o restante em tanques de concreto.
Aqui provamos um vinho em que seguramente pesou a idade. Afinal é um vinho de 18 anos, mas isto não foi bom para ele. No nariz se destacam frutas negras maduras e adocicadas como mirtilo e cereja, também notas de balsâmico. São aromas macios e agradáveis, porém decaem vertiginosamente ao longo da degustação, até quase desaparecerem. Na boca tem um sabor que não desagrada, porém falta corpo, faltam também intensidade e persistência, é muito aguado. Decepcionou, principalmente pelo "pedigree" de vir de um grande produtor e ter um preço elevado. Quem sabe safras bem mais novas possam estar mais interessantes.
Avaliação:
CL 86
Chryseia, 2007, Douro, Portugal
Este é um verdadeiro ícone moderno da vinicultura portuguesa, onde podemos encontrá-lo presente em praticamente todas as listas dos grandes vinhos deste país.
Produzido pela vinícola P+S (Prats & Symington). A família Symington trabalha no Porto desde 1882, produzindo seus famosos vinhos fortificados, vindo a assumir o controle da Warre's em 1914. Hoje seus descendentes dirigem a própria Warre's, a Down's e a Graham's produzindo grandes vinhos do Porto, já Charles Symington é um dos responsáveis pela P+S no Douro. O outro responsável é Bruno Prats, que por mais de 30 anos esteve à frente da Chateau Cos d'Esturnel em Bordeaux e por vários anos esteve dirigindo a Viña Aquitania no Chile.
Os dois experientes enólogos se reuniram em 1998, com o intuito de produzir vinhos de alta gama na região do Douro e somando as longas vivências na produção de vinhos do Porto, aliadas às técnicas sofisticadas de produção de Bordeaux, fundaram a P+S e frutificaram este belíssimo vinho.
Produzido com 50% Touriga Nacional e 50% Touriga Franca. Estagiou por 12 meses em tonéis de carvalho francês novos.
Aroma a pimentão vermelho, balsâmico, floral, canela, baunilha e frutas vermelhas cozidas. Na boca a fruta explode. É equilibrado, macio, intenso, potente, envolvente e persistente. O final de boca traz notas de jaboticaba. Um vinho excepcional que te cativa e encanta.
Avaliação:
CL 95
Produzido com 50% Touriga Nacional e 50% Touriga Franca. Estagiou por 12 meses em tonéis de carvalho francês novos.
Aroma a pimentão vermelho, balsâmico, floral, canela, baunilha e frutas vermelhas cozidas. Na boca a fruta explode. É equilibrado, macio, intenso, potente, envolvente e persistente. O final de boca traz notas de jaboticaba. Um vinho excepcional que te cativa e encanta.
Avaliação:
CL 95
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