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sábado, 23 de julho de 2016

Degustação de Vinhos Italianos - Le Bertille L'Attesa, Savuto Odoardi, Primitivo di Manduria Similaun Capuzzimati, Amarone Classico Monte Faustino

  No dia 17/07/2016 realizamos nosso encontro da Confraria do Leo para degustar 4 rótulos italianos que foram adquiridos pelos nossos confrades Leo e Helder na São Paulo Weekend, realizada este ano no pavilhão da Bienal de São Paulo e seguem nossas impressões:


Le Bertille L'Attesa, 2008, Toscana, Itália

  Este exemplar faz parte dos vinhos conhecidos como "Super Toscanos", que são os vinhos  que não seguem as normas de produção clássicas italianas e não utilizam o DOC (Denominação de Origem Controlada) local, como por exemplo, descartam a regra de utilização obrigatória e exclusiva das uvas autóctonas e típicas, sendo mais livres para a escolha das uvas e do seu manuseio. Normalmente mesclam uvas italianas com uvas francesas e pela qualidade normalmente apresentada, criou uma legião de admiradores nos últimos anos, revolucionando e impulsionando a produção local.

  A Vinícola é a familiar Le Bertille, que é tocada por Olimpia Roberti e se localiza no coração da região de Montepulciano, onde se produzem os clássicos Chianti. Aqui foram usadas a Sangiovese 65%, a Merlot 20%, a Colorino 10% e a Ciliegiolo 5% e o vinho estagiou por 12 meses em carvalho francês.

  Aroma bem agradável balsâmico, um pouco ácido, frutas vermelhas, groselha e baunilha. Na boca o sabor é levemente picante, harmonioso com os aromas, elegante, médio corpo, com acidez destacada, notas de chocolate e um certo amargor herbal. Realmente se parece muito com um Chianti Clássico, mas a presença do merlot fez muito bem a este vinho, fornecendo uma força aromática difícil de verificar nos Chiantis tradicionais. Acredito que a decisão de incluir a cepa francesa foi muito feliz e valorizou bastante o vinho. Bom vinho que combinaria muito bem com massas em molho de tomates frescos e carne.

  CL 90


Savuto Odoardi 2013, Calabria, Itália

  A família Odoardi, possui raízes alemãs e tem longa tradição na região e a última geração está representada na Vinícola por Gregorio Odoardi e sua esposa Barbara.

  Produzido na região da Calabria no Vale de Savuto, ao extremo Sul da Itália, às margens do Rio Savuto, próximo ao Mar Tirreno, "na ponta da bota", região de topografia acidentada, que não é tão famosa, mas possui vinhos de qualidade e tem tradição que remonta à Grécia Antiga, inclusive há indícios que algumas cepas da região têm origem grega.

  As uvas utilizadas são pouco utilizadas fora da região, sendo 45% gaglioppo, 20% magliocco canino, 5% greco nero e 5% nerello capuccio e não estagia em carvalho, apenas 4 meses em cubas de aço inox.

  O aroma é bem interessante mesclando balsâmico, cravo da índia e baunilha e fruta doce madura, como sapoti, macaúba, ou lúcuma, de média intensidade. Muito bem equilibrado com taninos muito macios, muito sabor, bastante corpo, intenso. Ótimo e surpreendente vinho desta região pouco conhecida.

  CL 91


Primitivo di Manduria Similaun Capuzzimati 2013, Puglia, Itália

  A vinícola foi fundada em 1952 por Cataldo Capuzzimati e hoje é administrada por seus filhos e se localiza na região de Puglia, Sul da Itália, no "calcanhar da bota". Este rótulo é produzido na região da Manduria, com a DOC (denominação de origem) Primitivo di Manduria.

  A uva utilizada á a Primitivo, que é similar à Zinfandel, muito utilizada nos EUA. 

  Vinho produzido a partir de uvas velhas de 35 a 45 anos.

  No nariz fascina com seus aromas frutados e florais, como groselha doce, violeta e alfazema. Na boca é intenso, forte, macio, equilibrado, possui boa acidez, notas de frutas vermelhas e nozes, taninos precisos e domados, muito elegante e complexo. Excelente vinho, realmente empolga.

  CL 93


Amarone del Valpolicella Classico Monte Faustino, 2009 Valpolicella, Itália

 Proveniente da clássica região de Valpolicella, em Verona no Norte da Itália, onde o Amarone é a principal expressão de qualidade da região. Este rótulo é produzido pela família Fornaser, que cultiva as uvas no distrito de San Pietro em Cariano, nos vinhedos Monte Faustino.

 O processo utilizado para se produzir os Amarones,  passa pela secagem das uvas, sob temperatura e umidade controlados, por 4 meses, no processo de appassimento, que antecede a fermentação, o que concentra mais seu açúcar natural, em um método único, que gera vinhos muito particulares.

  Hoje a vinícola tem tecnologia avançada e busca conciliar a tradição com os novos conhecimentos de produção.

  No nariz o vinho chama a atenção, com destaque para amêndoas, baunilha, chocolate e madeira velha e úmida, com boa intensidade; com o tempo surgiram notas de queijo parmesão. Na boca é levemente picante, tem sabor muito intenso, persistente, macio, taninos firmes. Um vinho que te remete ao passado, me fez visualizar velhas cantinas mofadas, escuras, tradicionais, com queijos pendurados e garrafas com teias de aranha nas antigas prateleiras (tudo no bom sentido). Um vinho para apreciar com concentração e notar suas particularidades.

  CL 94