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sábado, 11 de março de 2017

Bila-Haut Occultum Lapidem, 2010; Wild Duck Creek Springflat Shiraz, 2000; Chateneuf du Pape La Vue Du Chai, Xavier, 2009;J J Hahn 1914 Block, Shiraz, 1998; Cornas M. Chapoutier 1999; Chryseia, 2007

  Fizemos nosso encontro da Confraria do Leo no dia 23/01/2017 no Restaurante Caruaru, quando degustamos vinhos de altíssima qualidade. Três deles contemplados com mais de 95 pontos e foi uma noite memorável. Como segue:


Domaine de Bila-Haut Occultum Lapidem, 2010, Languedoc Roussillon, França

 Executado por Michel  Chapoutier, um cultuado enólogo e produtor francês, que produz este rótulo na região do Languedoc Roussillon, no Sul da França. Produzido com Shiraz, Grenache e Carignan, este vinho estagia metade do seu volume em tanques de inox e a outra metade em carvalho francês.

 Aromas muito agradáveis, macios, suaves, com destaque para frutas negras, como mirtilos e cerejas, e notas florais de alfazemas. Na boca é frutado, potente, fresco, estimula a salivação e pede mais um gole, muita persistência, taninos bem presentes e macios, excelente acidez e muito equilíbrio.

 Um vinho de caráter meditativo, noturno, que me fez imaginar uma noite em um ótimo clube de jazz, embalado por boa companhia e música suave, quem sabe de Miles Davis ou John Coltrane...

  Excepcional! 

  Avaliação:

  CL 96



Wild Duck Creek Springflat Shiraz, 2000, Heathcote, Vitoria, Austrália

  A empresa familiar Wild Duck Creek nasceu em 1974, quando David Anderson (conhecido como Duck) e  sua esposa Diana plantaram as primeiras videiras na região de Heathcote, no Estado de Vitoria, no Sul da Austrália, localizada a cerca de uma hora de Melbourne. Hoje, Duck e seu filho Liam dirigem a vinícola e têm como lema, dedicar-se a produzir grandes vinhos, equilibrados, com personalidade e muito sabor, para enriquecer e agradar aos sentidos. 

  O vinho foi produzido 100% com a uva símbolo da Austrália, a Shiraz, e estagiou 45% do volume em barris de carvalho francês e americanos novos.

  O aroma é bem intenso de frutas vermelhas sortidas, balsâmico e ameixas secas. Na boca também é intenso, alcoólico, encorpado, persistente, tem forte acidez, possui taninos muito bem domados, levemente adocicado, realmente é um vinho que não passa desapercebido. Como este exemplar já tem 17 anos, pode ter perdido um pouco do esplendor, mas ainda é um ótimo vinho e segurou bem o peso dos anos. Uma boa harmonização poderia ser conseguida com carnes um pouco mais gordurosas grelhadas, como fraldinha e contra-filé.

  Muito bom vinho.

  Avaliação:

  CL 91


Chateneuf du Pape La Vue Du Chai, Xavier, 2009, Vale do Rhône, França

  Produzido pela empresa Xavier Vins, cujo proprietário é Xavier Vignon, um reconhecido enólogo e consultor, que já percorreu muitas vinícolas mundo afora. Desde 2002 se dedica à compra da produção de vinhos de qualidade de pequenos produtores (têm mais de 20 que fornecem a ele), muitos dos quais ele mesmo prestava consultoria, e a partir daí ele elabora o blend, conforme o seu critério e experiência, para vender seus próprios rótulos, buscando destacar as características da DO (Denominação de Origem) de onde ele adquire o vinho. Com este sistema ele vende seus rótulos das regiões de Chateneauf du Pape, de Gigondas, de Vaqueyras, de Côtes du Rhone e outros.

  Aqui degustamos o Chateneauf du Pape La vue du Chai Xavier, que traz 55% de grenache, 35% de mouvedre e de 15% de shiraz, que foi produzido nesta famosa e icônica região do Sul da França,  às margens do Rio Rhône, próxima à Avignon. Estagia o vinho por 2 anos em carvalho francês de segundo uso.

  O aroma é de média intensidade, muito agradável e macio, destacando frutas negras e vermelhas muito maduras, como cerejas, cassis, groselha, morango em compota e chocolate amargo. Ao longo do tempo o aroma decai um pouco, mas não compromete. Na boca é aveludado, suave, taninos muito macios, é equilibrado, traz muita persistência, um leve amargor bem agradável e madeira suave.

  Um grande Chateneauf du Pape, com muita qualidade e sabor.

  Avaliação:

  CL 93



J J Hahn 1914 Block, Shiraz, 1998, Vale Barossa, Austrália


  A J J Hahn foi fundada em 1997 pelos descendentes da família Hahn, James e Jacqui, que já possuiam uma história familiar com a produção de vinhos e o enólogo Rolf Binder, que desde 2010 é o principal administrador. Localizada no Vale Barossa, no Estado da Austrália do Sul, próximo à cidade de Adelaide. A filosofia da empresa é apenas produzir este rótulo nas safras consideradas excepcionais, para que mantenham a excelência do produto e garantam o valor almejado.

  Este vinho 100% shiraz, estagiou em carvalho americano, sendo 1/3 novos.

 Um vinho de quase 20 anos, que envelheceu muito bem e que empolga em cada aspecto. No nariz mostra uma notável complexidade, destacando aromas como couro, baunilha, amarula, physalis, café e terra molhada. Na boca destaca a acidez, mas é macio, está domado. Curiosamente surgiram algumas notas de frutas amarelas como carambola e damasco, como a de algum ótimo vinho branco. Um vinho que realmente surpreende. Apresentou uma forte evolução ao longo da degustação. A acidez é tão intensa e saborosa que dá frescor, complexidade, intensidade e persistência. O final da garrafa é para lamentar.

  Avaliação:

  CL 96



Cornas M. Chapoutier 1999, Cornas, Vale do Rhône, França

  Provamos outro rótulo de Michel  Chapoutier, este produzido  na região de Cornas, a qual nomeia o rótulo.

  A região de Cornas é um pequeno povoado, localizado às margens do Vale do Rhône, ao Sul de Lyon e tem como tradição o cultivo de uvas Shiraz.

  Produzido com Shiraz estagiou 80% do volume por 14 meses em carvalho francês, o restante em tanques de concreto.

  Aqui provamos um vinho em que seguramente pesou a idade. Afinal é um vinho de 18 anos, mas isto não foi bom para ele. No nariz se destacam frutas negras maduras e adocicadas como mirtilo e cereja, também notas de balsâmico. São aromas macios e agradáveis, porém decaem vertiginosamente ao longo da degustação, até quase desaparecerem. Na boca tem um sabor que não desagrada, porém falta corpo, faltam também intensidade e persistência, é muito aguado. Decepcionou, principalmente pelo "pedigree" de vir de um grande produtor e ter um preço elevado. Quem sabe safras bem mais novas possam estar mais interessantes.

  Avaliação:

  CL 86



Chryseia, 2007, Douro, Portugal

  Este é um verdadeiro ícone moderno da vinicultura portuguesa, onde podemos encontrá-lo presente em praticamente todas as listas dos grandes vinhos deste país.

  Produzido pela vinícola P+S (Prats & Symington). A família Symington trabalha no Porto desde 1882,  produzindo seus famosos vinhos fortificados, vindo a assumir o controle da Warre's em 1914. Hoje seus descendentes dirigem a própria Warre's, a Down's e a Graham's produzindo grandes vinhos do Porto, já Charles Symington é um dos responsáveis pela P+S no Douro. O outro responsável é Bruno Prats, que por mais de 30 anos esteve à frente da Chateau Cos d'Esturnel em Bordeaux e por vários anos esteve dirigindo a Viña Aquitania no Chile.

  Os dois experientes enólogos se reuniram em 1998, com o intuito de produzir vinhos de alta gama na região do Douro e somando as longas vivências na produção de vinhos do Porto, aliadas às técnicas sofisticadas de produção de Bordeaux, fundaram a P+S e frutificaram este belíssimo vinho.

  Produzido com 50% Touriga Nacional e 50% Touriga Franca. Estagiou por 12 meses em tonéis de carvalho francês novos.

  Aroma a pimentão vermelho, balsâmico, floral, canela, baunilha e frutas vermelhas cozidas. Na boca a fruta explode. É equilibrado, macio, intenso, potente, envolvente e persistente. O final de boca traz notas de jaboticaba. Um vinho excepcional que te cativa e encanta.

  Avaliação:

  CL 95