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sexta-feira, 24 de junho de 2016

Degustação do Lima Meyer, 2008; Cabreo Il Borgo Folonari 2011 e Nicasia Red Blend Cabernet Franc 2014

  Em nova reunião da nossa Confraria, realizada em 09/06/2016, realizamos a degustação de 3 rótulos com distintas características , mas que agradaram bastante.


Lima Meyer, 2008, Alentejo, Portugal

  A Lima Meyer é uma empresa familiar dirigida e concebida por seu gerente Thomas de Lima Meyer e sua esposa, que funciona nas terras da própria família desde o ano 2000. O enólogo Rui Reguinga trabalha na parte técnica dos vinhos. Localiza-se na Quinta de São Sebastião, em Monforte na região do Alto Alentejo. Utiliza normalmente uvas francesas e ibéricas para a produção de seus rótulos.

  Este rótulo foi produzido a partir das uvas shiraz, aragonês e alicante bouschet e estagiou por 12 meses em barris de carvalho francês e 6 meses na garrafa antes da comercialização.

  Possui aromas sutis e bem agradáveis a balsâmico, frutas negras e baunilha. Na boca percebem-se taninos discretos, o álcool predomina, denota um leve amargor, madeira suave e dá a sensação que falta um pouco mais. É um vinho bom para tomar, mas simples.

  CL 87


Cabreo Il Borgo Folonari 2011, Toscana, Itália

 Este exemplar faz parte dos vinhos conhecidos como "Super Toscanos", que são os vinhos de alta gama da região, que não seguem as normas de produção clássicas italianas e não utilizam o DOC (Denominação de Origem Controlada) local, como por exemplo, descartam a regra de utilização obrigatória e exclusiva das uvas autóctonas e típicas, sendo mais livres para a escolha das uvas e do seu manuseio. Normalmente mesclam uvas italianas com uvas francesas e pela qualidade normalmente apresentada, criou uma legião de admiradores nos últimos anos, revolucionando e impulsionando a produção local.

  A família Folonari é muito tradicional, cultiva uvas e produz vinhos, desde o final do século XVIII. Hoje o responsável pela produção é o representante da oitava geração, o engenheiro Giovanni Folonari, que trabalhou  com Robert Mondavi em 1989 na Califórnia e o famoso produtor de Chiantis, Ruffino, de 1991 a 2000, quando organizou seu próprio empreendimento com seu pai Ambrogio Folonari, um prestigiado enólogo, nascia a Ambrogio e Giovanni Folonari Tenute, que começou a executar  pequenas produções de vinhos de alta gama na Toscana.

  Hoje a linha Cabreo produz 2 vinhos, o que degustamos, um sangiovese com cabernet sauvignon e outro branco, elaborado com chardonay. As uvas tintas são plantadas no vilarejo de Greve, na região dos Chiantis Clássicos, na propriedade denominada Fattoria di Zano, as uvas chardonays, mais ao sul de Greve na propriedade Casa di Sala.

  Este vinho estagiou 16 meses em carvalho franceses e 6 meses em garrafa. Foi produzido com 70 % sangiovese e 30% cabernet sauvignon.

  Na degustação o vinho mostra muitas qualidades, é introspectivo, noturno, induz àquela sensação de seriedade e de concentração, para perceber as sutilezas que ele apresenta. O aroma é fascinante, com destaque para as frutas negras, como amoras e mirtilos, e figos secos, mas não têm grande persistência. No paladar mostra coerência com os aromas, é frutado, possui taninos marcantes, boa acidez e equilíbrio correto. Forte personalidade, final marcante, com a sutileza da madeira e dos taninos domados e um retrogosto que me fez lembrar a azeitonas verdes. Vinho especial.

  CL 92



Nicasia Red Blend Cabernet Franc 2014, Mendoza, Argentina

  A história da Catena Zapata se confunde com a produção de malbec na Argentina, quando o patriarca da família veio da Itália no final do século 19 com as primeiras mudas. De geração em geração fizeram uma verdadeira revolução nos métodos, no manejo e na produção do vinho. Hoje seu produto é um dos mais renomados da Argentina e não só com o malbec, mas com o chardonay, o cabernet sauvignon e outras uvas que ela produz.

  A elaboração dos vinhos em que predomina a cabernet franc, que eram há até pouco tempo raros de se encontrar, está em um forte crescimento entre os vinhos de qualidade argentinos, tornando-se cada vez mais frequentes os lançamentos de ótimos rótulos desta uva. Aqui a Catena Zapata utiliza esta cepa em 90% de sua composição, complementando com 7% merlot e 3% petit verdot.

  A Nicasia é uma das linhas de entrada desta vinícola, que praticamente só é encontrada no mercado local argentino, embora seja possível encontrar uns poucos rótulos no Brasil, mas quando se fala da Catena Zapata, sempre podemos esperar qualidade.

  Este rótulo teve suas uvas cultivadas na Fazenda Altamira, São Carlos, em Lujan de Cuyo, em Mendoza a 1200 metros de altitude e após vinificado estagiou por 1 ano em carvalho francês, sendo 30% novos.

  Na degustação, os aromas são de pouca intensidade, mas bem agradáveis, com destaque para as frutas negras, baunilha e notas herbais. Na boca aparecem poucos e suaves taninos, tem boa acidez e predomina a fruta, tem bom equilíbrio e não é muito complexo, nem muito intenso.

 No entanto, para analisar este vinho eu descartaria um pouco os aspectos mais técnicos e destacaria sobremaneira o sabor, que para mim, é delicioso, um vinho que valoriza essencialmente o prazer de ser tomado e apreciar seus sabores frutados e envolventes. Quisera eu, ter para tomar um vinho como este no dia a dia pelo custo que se vê na Argentina (cerca de R$ 30,00), seguramente seria um dos que eu mais consumiria.

  CL 88