Pesquisar este blog

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Degustação do Dominus, Cabeça de Toiro, Almaviva, Picasso e Chambolle-Musigny

  Dia 14/05 de 2014 realizamos mais um encontro da Confraria que reservou, além do habitual gosto pelo encontro tão esperado, grandes surpresas, revelações e questionamentos que culminaram em mais um dia de grande aprendizado e satisfação.

  Tivemos o prazer da presença do ilustre convidado Kiko Suruagy e do Bartolomeu (Representante da Importadora Cantu) que nos agraciaram com a companhia.

Podemos perceber que o fotógrafo não foi feliz ( cortou parte do grupo ), mas valeu o registro.

  Nesta degustação utilizamos a mesma prática das anteriores, onde sabemos os rótulos com antecedência, mas provamos às cegas, para permitir uma análise e uma discussão de cada vinho com maior isenção. Eram 5 rótulos, sendo que os mais esperados eram o renomado chileno AlmaViva e o americano Dominus.

Avaliação:



Dominus Estate Christian Moueix, Napa Valley, Estados Unidos, 2009

  Este renomado vinho definitivamente não é barato, no Brasil custa pesados R$ 1.000,00 e vem com a chancela de ser um RP 97, o que não é pouca coisa, mas dentre os avaliadores não foi consenso, pelo exemplo de um WS 93. Produzido com cabernet sauvignon, cabernet franc e petit verdot ao estilo Bordeaux, foi o primeiro vinho degustado na noite.

 No nariz não empolgou, apesar de boa qualidade com aroma sutil a balsâmico e frutas negras, faltou intensidade, complexidade e não evoluiu, demonstrando ser seu ponto negativo. Seu sabor foi intenso, tânico, forte, amadeirado, leve amargor herbal. Final de boca com leve adocicado, muito bom corpo e estrutura. O paladar não decepciona, mas nos pareceu superavaliado por alguns e tem um custo benefício bastante desfavorável.

CL 92


Cabeça de Toiro Reserva, Tejo, Portugal, 2008

  O segundo vinho da noite foi este português produzido com Touriga Nacional e Castelão. Aroma a frutas negras e vermelhas. Bastante encorpado, bastante acidez. Falta um pouco de taninos e complexidade, mas agrada como um vinho para o dia a dia.

CL 87


Alamaviva, Vale do Maipo, Chile, 2003

  Nós sabíamos que este verdadeiro ícone chileno não decepcionaria. Com cabernet sauvignon, carmenere e cabernet franc, é considerado também um vinho ao estilo de Bordeaux, que só é produzido nas consideradas melhores safras pelas vinícolas Concha y Toro e Baron Philippe de Rothschild.
  Degustado às cegas todos sabíamos de qual se tratava, pois já no nariz demonstrou um aroma fantástico, complexo. Morangos, framboesa, pimentão, shoyo, café com leite, madeira. Intenso. No paladar apresentava um sabor mágico, redondo, equilibrado, com notas de ervas, frutas vermelhas, madeira.. Sua complexidade enche a boca de sabores.  Peca um pouco em relação à intensidade, mas não compromete. Elegante e inesquecível.

CL 97

  Aqui vamos fazer uma consideração. Como já havíamos degustado estes 3 anteriores, sobraram um vinho tido como exótico, um malbec peruano barato garimpado em Lima, do qual esperávamos quase nada e um Borgonha muito caro, que sabíamos ser muito bem considerado e às cegas recebemos o quarto vinho a degustar.
  Fomos surpreendidos com um vinho fabuloso, aromático, saboroso, diferente, que nada devia ao anterior Almaviva e tivemos a certeza que só poderia ser o francês, apesar da estranheza de um possível pinot noir tão encorpado, mas eis que o choque ocorreu:



Picasso, Malbec Reserva, Vinicola Vista Alegre, Ica, Peru, 2006

  Este vinho provocou o maior choque de expectativa da história da nossa Confraria. Como disse, nada esperávamos dele e eu tinha o receio que um malbec produzido há 8 anos no Peru, que não tem qualquer tradição em vinhos, pudesse estar passado do ponto, velho ou mesmo estragado.
  Em sua produção, passa 2 anos em barris de carvalho francês e americano e mais 8 meses na garrafa, o que não é um trato habitual de malbec.
  No nariz apresentou um aroma incrível a café, mel e notas minerais com muita intensidade. Era um vinho diferente, parecia conceitual, ferroso, terroso, elegante. Redondo, macio. Um vinho simplesmente fantástico, intenso.

CL 99
A nossa surpresa foi quando nos trouxeram a garrafa e vimos de qual se tratava. Simplesmente fizemos a maior avaliação de todas as degustações anteriores com um vinho barato, peruano e degustado após um fantástico Almaviva. 
  Isto nos deixou em estado de choque! Porque isto ocorreu? Claro que se soubéssemos de que se tratava de um malbec, poderíamos ter uma visão um pouco mais crítica, afinal ele tinha tudo, menos as características de um malbec. Se soubéssemos que era peruano, teríamos a mesma avaliação? São as questões que muitos fazem acerca da influência do rótulo para o avaliador. Não sei se o consideraríamos um CL 99, mas certamente avaliaríamos muito bem.
  Não sabemos se foi a garrafa ou a safra, mas o fato foi que ele envelheceu e fez com que perdesse as características da cepa e talvez, meio por acaso, se tornasse um vinho fabuloso.
  Li uma avaliação de um peruano que degustou uma safra nova e o classificou como um malbec típico. Na garrafa tem toda a descrição de um malbec típico envelhecido em carvalho. Este que degustamos não era.
 O ideal seria fazermos um contraprova, mas sabemos que teremos muitas dificuldades em conseguir esta mesma safra, mesmo em uma viagem ao Peru. Talvez possamos conseguir outra safra para provar.
 Creio que não o provaremos novamente, mas teremos assegurado o fato mais auspicioso até então de nossa Confraria. O vinho que, para nós, virou uma lenda. 



Chambolle-Musigny, Premier Cru, Les Echange, Borgonha, França, 2008

  Ainda em estado de choque, abrimos esta garrafa deste pinot noire, que acreditávamos ser o vinho anterior e provamos um vinho que, perto dos degustados na noite, parecia ralo e insípido. Era frutado, ácido e decepcionou, muito embora foi prejudicado por ter características totalmente  antagônicas com os anteriores. Creio que deveria ser degustado com brancos e afins para uma avaliação mais harmoniosa, mas é um vinho fraco, com um custo benefício péssimo.

CL 86

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Degustação do Salton Desejo, Lote 43, Staphile Premium, Coyam e Corte de Cima Reserva

  Dia 07 de maio, um novo encontro de nossa querida confraria, no nosso parceiro restaurante Caruaru, onde degustamos 5 rótulos, sendo 2 nacionais, 2 chilenos e 1 português. Foi mais um encontro de muito bom papo e de aprendizado.



  Avaliação:



 Desejo, Salton 2008, Merlot, Brasil


  Aroma a frutas vermelhas e baunilha. No paladar, leve amadeirado, frutado, apresenta acidez acentuada. Um vinho muito simples, com um sabor agradável, mas sem destaque. O belíssimo rótulo talvez seja sua maior virtude.

CL 85

Lote 43, Miolo, 2002, Cabernet Sauvignon/ Merlot, Brasil

  Este é um dos vinhos nacionais mais elogiados e confesso que esperávamos um pouco mais. Aroma a geléia de frutas vermelhas e baunilha. Na boca é aveludado, amadeirado, boa harmonia, taninos bem presentes, amargo. Tem boas virtudes, é um bom vinho, mas outra vez concluímos que os vinhos tintos nacionais tem muito o que evoluir, afinal este é um dos principais que produzimos e não é barato.

CL 89




Staphile Premium Reserva, 2006, Bonarda, Argentina

  Este vinho orgânico tem aroma a geléia de frutas negras, principalmente cereja e mirtilo, com notas de mascavo. No paladar é balsâmico, adocicado, leve amadeirado, taninos macios. Equilibrado, denso. Muito sabor. Realizado com a uva Bonarda, que não é tão comum, foi produzido com muita competência.Muito bom vinho.

CL 93



Coyan, Emiliana, 2005, Chile

  Este blend é outro orgânico da Emiliana que demonstra a força desta vinícola do Vale do Colchágua. Aroma a frutas negras e shoyo. No paladar é balsâmico, possui leve amargor, notas de cereja em conserva e groselha. Leve adocicado, diferente, exótico, complexo. Excelente vinho.

CL 94

.

Cortes de Cima Reserva, 2003, Portugal

  Já tivemos a oportunidade de provar vários vinhos desta vinícola do Alentejo e sempre nos encantou. Este é simplesmente seu mais elaborado vinho. Produzido com Shiraz, Aragonez e Touriga Nacional. Aroma a geléia de frutas vermelhas e azeitonas negras. No paladar é intenso, persistente, leve adocicado, amadeirado, muito aveludado e equilibrado. No final de boca, notas de mel. Um grande vinho. O melhor da noite.

CL 97