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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Degustação da linha Eggo da Vinícola Zorzal

  Em 21 de Novembro de 2016 fizemos nossa degustação habitual de vinhos, desta vez experimentando toda a linha Eggo, da vinícola argentina Zorzal.

 A Vinícola Zorzal está localizada em Gualtallary, no Vale do Uco, região de Mendoza,  Argentina, há 1.350 metros de altitude (que é a maior altitude de produção da região vinícola de Mendoza) e desde 2008 produz vinhos de alta gama sob os cuidados dos prestigiados irmãos Michelini que invariavelmente fazem  uso das técnicas mais modernas de produção para buscar a excelência em seus vinho.

  A linha Eggo da vinícola traz o método inovador de realizar a fermentação do vinho através dos "ovos de cimento", os quais são muito bem detalhados na reportagem da Revista Adega. Este técnica dispensa o uso do estágio em carvalho, destacando mais as qualidades da uva e do terroix, além de acentuar as notas frutadas e inserir certa mineralidade ao vinho. A técnica foi criada na França por Michel Chapoutier em 2001 e hoje é utilizada por várias vinícolas ao redor do mundo.

  Segue a degustação:


Zorzal Eggo Blanc de Cal 2014, Mendoza, Argentina

 Este vinho foi produzido com 100% sauvignon blanc, oriunda dos vinhedos de Gualtallary e Tupungato. A vinificação foi toda realizada no ovo de cimento, por onde permaneceu por 5 meses, sendo posteriormente enviado diretamente para o engarrafamento, sem filtragem ou estabilização.

 No nariz os aromas são muito interessantes, destacando lima da pérsia, limão siciliano e alguma mineralidade. No paladar há muito bom equilíbrio, onde a acidez não é muito proeminente, o álcool está na medida correta e passa na garganta com muita suavidade, apresentando muito boa persistência. Possui um leve amargor, mineralidade evidente, untuoso e meio salgadinho. Ótima experiência

  Agradou muito e demonstrou ser um sauvignon blanc bem diferente dos habituais, com muito mais volume, surpreendendo positivamente. Seria bem interessante para harmonizar com frutos do mar, especialmente mariscos. Vale muito conhecer este belo vinho.

  Avaliação:

  CL 90



Zorzal Eggo Filoso Pinot 2014, Mendoza, Argentina

Este rótulo foi produzido com 100% pinot noir proveniente de Gualtallary e foi vinificado com os cachos inteiros dentro do "ovo de cimento", para que se produza a fermentação alcoólica dentro do grão, a chamada maceração carbônica, sendo posteriormente retirados, para se realizar a prensa dos cachos, de onde se extrai o caldo, que retorna ao "ovo" para estagiar por mais 6 meses, sendo então enviado diretamente  para o engarrafamento.

  No nariz está seu ponto forte, onde os aromas são excelentes e macios, bem típicos do pinot noir, destacando champignons cozidos, frutas vermelhas como morango e framboesa. O aroma quando evolui traz suaves notas de canela. Na boca é bastante alcoólico e destaca seu amargor, não é desequilibrado, porém falta sabor e sutileza, parecendo excessivamente rústico. Possui boa intensidade, mas falta a elegância e a complexidade que se espera de um bom pinot noir. Um vinho que a meu ver não atendeu à forte expectativa e altas avaliações.

  Avaliação:

  CL 88



Zorzal Eggo Franco 2015, Mendoza, Argentina

  Este vinho foi produzido com 100% cabernet franc proveniente dos vinhedos de solo calcáreo de Gualtallary e foi vinificado com o mesmo método do pinot noir anterior nos "ovos de cimento".

  Possui aromas muito macios, prazerosos e adocicados de amoras, mirtilos e açúcar queimado. Na boca é intenso, marcante, equilibrado, persistente, aveludado com taninos bem macios e tem muito bom corpo. Mostra um suave amargor, é bem frutado e traz notas discretas de sabores minerais e azeitonas negras. Um vinho que agrada muito e com uma pegada muito firme. Outro cabernet franc argentino de ótimo nível..

  Avaliação:

  CL 91



Zorzal Eggo Tinto de Tiza 2012, Mendoza, Argentina

  Este rótulo foi produzido com 92% malbec, 5% cabernet franc e 3% cabernet sauvignon de vinhedos do solo calcáreo de Gualtallary e foram vinificados em "ovos de cimento", onde permaneceram por 18 meses, sendo destes, 8 meses em contato com as cascas, para posterior engarrafamento direto.

  Seus aromas são muito atraentes e aveludados, destacando frutas negras como mirtilos e amoras, além de violetas. No paladar é muito equilibrado, com taninos muito macios e acidez precisa. Vinho intenso, persistente, sedoso, untuoso, suculento, azeitonado e que destaca um certo aspecto mineral, talvez giz. Um grande vinho, realizado com muita competência.

  Avaliação:

  CL 93

sábado, 12 de novembro de 2016

Degustação do Tessellae Carignan Vieilles Vignes, 2013 e do Domaine Drouhin Pinot Noir, 2012

  No dia 11/10/2016 fizemos o encontro da nossa Confraria no Restaurante Caruaru e realizamos a degustação de 2 rótulos, um Carignan francês do Languedoc Roussillon e um excelente Pinot Noir da região de Oregon , nos EUA, segue a avaliação:


Tessellae Carignan Vieilles Vignes, 2013, Côtes Catalanes, Languedoc-Roussillon, França

  Este vinho foi produzido na região sul do Roussillon, próximo aos Pirineus, na chamada Catalunha Francesa, que embora não compartilhe os mesmos ideais separatistas da parcela inserida na Espanha, guarda um histórico em comum e ainda há uma pequena parcela da população (estimada em 6%) que mantém a língua catalã.

  Produzido pela Domaine Lafage, uma empresa datada de 1996, que foi criada pelo renomado enólogo francês Jean-Marc Lafage e sua esposa Eliane Lafage. Os seus vinhedos e sua produção estão localizados entre a cadeia de montanhas dos Pirineus e o Mar Mediterrâneo, próximos à fronteira espanhola. 

  A proposta da vinícola é produzir vinhos que valorizem a tradição, sem abrir mão da tecnologia, produzindo com qualidade, por um preço mais acessível, o que é um pouco da realidade da região do Languedoc-Roussillon, onde produzem vinhos com um custo-benefício muito melhor que nas regiões de maior prestígio da França, como a Borgonha e Bordeaux, onde os preços dos bons vinhos são, em grande parte, impraticáveis.

  A uva utilizada foi a Carignan com vinhas de mais de 70 anos de idade e apenas 10% da produção estagiou em carvalho.

  Aromas de frutas vermelhas adocicadas, sutis e de baixa intensidade. Na boca tem um bom equilíbrio e uma acidez proeminente, mas sem excessos. Taninos discretos e leve amargor de madeira. Possui um retrogosto bem interessante, bastante frutado e com notas de azeitonas verdes. Pouco corpo e bom sabor. Um vinho bom, mas sem maiores destaques.

  Avaliação:

  CL 89


Domaine Drouhin Pinot Noir, 2012, Oregon, EUA

  A Família Drouhin tem suas raízes na Borgonha francesa, onde produzem Pinot Noir e  Chardonay desde 1880, quando foi fundada a Maison Joseph Drouhin. O neto do fundador, Robert Drohin assumiu o negócio em 1957. Em 1961 visitou a região do Oregon nos EUA e reconheceu ali as condições de solo e clima que julgava ideais para produzir as uvas clássicas da Borgonha em território americano. Em 1986 sua filha, já formada enóloga, inicia a aproximação com a comunidade existente dos produtores de vinho do Oregon e em 1987, seu pai Robert adquire terras em Dundee Hill (região com apelação geográfica produtora de vinhos próxima a Portland) na sub-região Willamette Valley, quando se inicia o plantio das videiras e dá início à história da Domaine Drohin neste país, que ficou a cargo de Veronique, como enóloga responsável e seu irmão Phillipe, como viticultor.

  Este vinho estagiou em carvalho francês, sendo 20% novos por 8 a 10 meses e esta safra de 2012 foi considerada excelente pelo próprio produtor.

  O vinho é especial, complexo e sutil. No nariz destacam-se os aromas de framboesa, champignons cozidos, ervas aromáticas e flores, como violetas e alfazema. Após algum tempo notam-se traços de chocolate. Na boca é extremamente equilibrado, macio, aveludado, marcante, persistente e elegante. Seus taninos são precisos, é levemente picante e possui um suave amargor de madeira. Uma verdadeira carícia aos sentidos e que mantém a ótima qualidade em todos os aspectos a se avaliar, um belíssimo trabalho da enóloga. É daqueles vinhos em que se lamenta ter apenas uma garrafa para degustar. Grande vinho.

  Avaliação:

  CL 93

domingo, 18 de setembro de 2016

Courela 2012; Doña Dominga Reserva Carmenere, 2014; Ramirana Gran Reserva Cabernet Sauvignon, 2011; Benmarco Malbec 2013

  Na degustação do mes de nossa Confraria do Leo, realizada no dia 14/09/2016 no restaurante Caruaru, elegemos quatro muito bons vinhos tintos que agradaram bastante e seguem nossas impressões:


Courela 2012, Alentejo, Portugal

 A região do Alentejo tem muita história e ali o dinamarquês Hans Jorgensen e sua esposa californiana Carrie Jorgensen criaram e administram este empreendimento familiar. A Cortes de Cima rompeu com o padrão imposto pela região, o DOC Alentejo, por acreditar que com a liberdade de cultivar as uvas que lhe convier, pode conseguir excelentes resultados, aproveitando as vantagens do terroix local. Por isso utilizam em seus vinhos a denominação Vinho Regional Alentejano.

  A filosofia é de produzir vinhos de excelência, com muita intensidade e corpo. Seguem o interessante lema: " A vida é muito curta para fazer mau vinho".

  O Courela é o vinho tinto de entrada (o mais simples) da vinícola, que produz excelentes rótulos. É um vinho jovem, que não estagiou em carvalho, produzido com 48% aragonês, 46% shiraz e 6% touriga nacional.

  Degustado em 14/09/2016.

  Os aromas deste vinho são bastante intensos e agradáveis, destacando as frutas vermelhas doces como cereja e groselha, balsâmico e notas herbais. Na boca apresenta uma forte acidez, que predomina no paladar, é intenso, demonstra bastante frescor e médio corpo. É um vinho vibrante e picante na ponta da língua, com notas de pimenta do reino. Um vinho jovem que apresenta a proposta de frescor e descontração, mas  tem mais predicados do que a  grande maioria que produz vinhos com esta proposta. Realmente tudo o que já provamos desta vinícola agradou muito e mesmo sendo este o seu vinho mais simples, mostra muitos méritos.

  Avaliação:

  CL 88


  

Doña Dominga Reserva Carmenere, 2014, Vale do Colchagua, Chile

  Quem produz este rótulo é a prestigiada vinícola familiar Casa Silva, a qual foi fundada em 1997 pela família Silva, cujas raízes estão ligadas ao Vale do Colchagua há várias gerações, dedicando-se à produção de vinhos. A empresa busca ser uma das protagonistas no Chile na produção de vinhos de qualidade. 

  A linha Doña Dominga foi lançada em 1999 com o intuito de oferecer uma ótima relação custo-benefício, com vinhos bem acessíveis, que tragam fruta fresca, taninos suaves e agradável final, valorizando a sua terra, as pessoas e as tradições locais.

  Este rótulo estagiou 45% do vinho por 6 meses em carvalho francês e o restante do volume em tanques de aço inoxidável.

  Degustado em 14/09/2016.

  Os aromas deste vinho agradam, sendo os típicos do carmenere, destacando pimentões e frutas vermelhas, embora sem muita força. Na boca é agradável, de sabor intenso, bem equilibrado, taninos suaves, curto, levemente picante. É um vinho muito saboroso e prazeroso, que deve agradar a uma gama muito grande de interessados, é daquele tipo de vinho que todos acham muito gostoso, apesar dos aspectos técnicos não revelarem uma nota tão elevada, é excelente pedida.

  Avaliação:

  CL 88




 Ramirana Gran Reserva Cabernet Sauvignon, 2011, Vale do Maipo, Chile

  A vinícola Ventisquero, fundada em 1998, é uma das que mais cresce no Chile, com vinhos de muito boa qualidade. Em 2012 foi certificada como vinícola sustentável em 100% de seus vinhos.

  Esta linha " Ramirana" é inspirada na alma do cavalo criollo chileno e sempre apresenta rótulos muito competentes que ficam por conta do enólogo Alejandro Galáz.

  Este vinho estagiou 12 meses em carvalho francês, sendo 12% novos e o restante em barris de segundo e terceiro uso.

  Degustado em 14/09/2016.

  Os aromas são excelentes, aveludados, com destaque para as frutas negras como mirtilo e cassis, notas de chocolate, herbais e de pimentão. O sabor é intenso, taninos discretos e macios, bom equilíbrio, encorpado, concentrado, boa persistência. Curiosamente é um vinho que eu não recomendaria decantar, pois parte de seus sabores se destacaram de maneira mais intensa na primeira meia hora, após ser aberto, e com o tempo tendeu a acentuar mais a acidez e perder um pouco a maciez, mas sem comprometer a qualidade geral e o prazer da degustação, pois é um vinho muito bom e muito bem produzido, que vale a pena ser provado e isto é apenas um pequeno detalhe relativo à sua evolução, que até mesmo pode nem ser considerado um ponto negativo por alguns apreciadores.

  Avaliação:

  CL 90




Benmarco Malbec 2013, Lujan de Cuyo, Mendoza, Argentina  

  A enóloga Susana Balbo é uma das mulheres mais respeitadas no mundo do vinho. Com mais de 30 anos de experiência foi a primeira argentina reconhecida na função e se estabeleceu como referência no setor. Em 1999 fundou a Susana Balbo Wines, em Lujan de Cuyo, Mendoza, e iniciou seu negócio próprio, que acabou por tornar-se uma das melhores vinícolas argentinas. Hoje, além de Susana, que é a presidente da empresa, seu filho José, também enólogo e sua filha Ana, administradora, também compõem o quadro da vinícola.

  A linha Benmarco tem a proposta de explorar novos locais de cultivo, em altitudes mais elevadas,  destacando as qualidades do terroix e da uva, sob os cuidados do viticultor Edgardo del Pópolo.

  As uvas foram produzidas em Vista Flores, no Vale do Uco, em Mendoza a 1100 metros de altitude e o vinho estagiou por 11 meses em carvalho francês de segundo uso.

  Degustado em 14/09/2016.

  O vinho destaca muito as qualidades de um ótimo malbec. Aroma a frutas negras, como mirtilo, amora e notas de violeta, porém de pouca intensidade. O sabor é excelente, picante, intenso, encorpado, aveludado, noturno, muito equilibrado, taninos macios e leve amargor herbal. Um vinho que agrada ao fã da uva e o cativa. Se tivesse mais força aromática ganharia pelo menos mais 2 pontos, mas na boca é excepcional.

  Avaliação:

  CL 91

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Degustação do Tolosa, 2012; San Julián Pinot Noir, 2014; Montecastro y Llanahermosa 2004 e Don Reca 2013

  

No dia 18/08/2016 realizamos nosso encontro mensal da Confraria do Leo, no Restaurante Caruaru, regado a bons vinhos e excelente companhia. Seguem os vinhos degustados:


Tolosa, 2012 Pinot Noir, Edna Valley, Califórnia, EUA

  O Edna Valley fica próximo à cidade de San Luis Obispo de Tolosa na Califórnia e é considerado muito interessante para a produção de vinhos, sendo um dos primeiros locais de crescimento do produto naquele Estado. Os vinhedos se encontram bem próximos ao Oceano Pacífico, cerca de 8 Km, e tem o clima comparado ao da Borgonha na França.

  A Vinícola Tolosa foi fundada em 1998 por Robin Bagget, que até hoje toca o empreendimento com sua esposa, e o sócio Bob Schiebelhut.

  Os aromas não são muito intensos, mas são agradáveis, com destaque para as frutas vermelhas, especialmente morangos muito maduros e café. Na boca demonstra pouco corpo, bom equilíbrio, taninos sutis, leve amargor amadeirado, média persistência. É um bom pinot noir, mas possui muitas limitações.

  CL 88
 


San Julián Pinot Noir Maycas del Limari, 2014, Vale do Limari, Chile

  A Vinícola Maycas del Limari nasceu em 2005 e o projeto tem a consultoria da Vinícola Concha y Toro. Ela se propõe a fazer vinhos de qualidade no Vale do Limari e se especializou nas uvas clássicas da Borgonha, a pinot noir e a chardonay. Os enólogos Marcelo Papa e Javier Villarroel, têm a experiência na produção de alguns dos famosos rótulos da Concha y Toro e são os responsáveis pelos rótulos produzidos pela Maycas del Limari.

  O San Julián faz parte da linha principal da Vinícola, tendo estagiado 14 meses em barris de carvalho francês.

  No nariz assim que se abre a garrafa, aparecem as notas terrosas de champignon típica dos pinot noires chilenos, depois vai evoluindo e estas notas tendem a desaparecer, dando passagem às frutas maduras vermelhas e negras, principalmente framboesas e geléia de amoras, com o tempo também surgem aromas sutis de chocolate. Em resumo, seus aromas são excepcionais. Na boca destaca a acidez, com muito bom frescor, possui boa persistência, equilíbrio e estrutura. O final de boca é  um pouco picante e surpreendente , revelando sabores herbais de hortelã e manjericão. Um excelente vinho chileno.

  CL 93


Montecastro y Llanahermosa 2004, Ribera del Duero, Espanha

  A Vinícola Montecastro foi fundada em 2002, quando um grupo de investidores se uniu ao enólogo francês Bertrand Erhard para iniciar o projeto. Localizada na Província de Valladolid, na Denominação de Origem  Controlada - DOC Ribera del Duero, região conhecida por ser onde se produzem os melhores tempranillos espanhóis.

  O vinho possui mais de 90% de tempranillo e pequenas frações de cabernet sauvignon, merlot e garnacha. estagiou cerca de 18 meses em carvalho francês, sendo 60% novos e 40% com 2 anos de uso.

  Pela foto do rótulo pode-se perceber sua idade avançada. Foi produzido em 2004, estando agora com 12 anos de produção. Foi muita espera. O vinho está em uma clara curva descendente, passou um pouco do ponto, já apresentando certa oxidação. No entanto isto não quer dizer que estivesse ruim e demonstrou muitas qualidade. Aromas um pouco velhos de figos secos, aniz, cassis, mirtilos e grão de bico cozido. Na boca se sente a acidez em destaque, taninos muito macios, sabores de azeitonas negras e muito boa estrutura. Apesar da idade, agradou e demonstrou ser ótimo vinho, mas se tivesse sido aberto há uns quatro anos atrás, creio que estaria em seu auge e o prazer da degustação seria maximizado.

  CL 91



Don Reca 2013, Vale do Cachapoal, Chile

 A Vinícola La Rosa, que nos traz o Dom Reca, é uma das mais antigas e tradicionais do Chile, produzindo vinhos desde 1824, sob o comando da família Ossa. Desde 1987, Ismael Ossa Errázuriz, comanda sua produção, sendo o representante da sexta geração da família.

  O vinho produzido com cabernet sauvignon 38%, carmenere 28%, merlot 15%, shiraz 12% e cabernet franc 7% é prazeroso. Aroma de ótima intensidade de pimentões vermelhos, violetas e frutas negras, surgem também notas herbais de muito frescor. Na boca tem acidez destacada, bom equilíbrio, estruturado, é intenso, taninos muito redondos, muito sabor. Um ótimo vinho.

  CL 91


sábado, 23 de julho de 2016

Degustação de Vinhos Italianos - Le Bertille L'Attesa, Savuto Odoardi, Primitivo di Manduria Similaun Capuzzimati, Amarone Classico Monte Faustino

  No dia 17/07/2016 realizamos nosso encontro da Confraria do Leo para degustar 4 rótulos italianos que foram adquiridos pelos nossos confrades Leo e Helder na São Paulo Weekend, realizada este ano no pavilhão da Bienal de São Paulo e seguem nossas impressões:


Le Bertille L'Attesa, 2008, Toscana, Itália

  Este exemplar faz parte dos vinhos conhecidos como "Super Toscanos", que são os vinhos  que não seguem as normas de produção clássicas italianas e não utilizam o DOC (Denominação de Origem Controlada) local, como por exemplo, descartam a regra de utilização obrigatória e exclusiva das uvas autóctonas e típicas, sendo mais livres para a escolha das uvas e do seu manuseio. Normalmente mesclam uvas italianas com uvas francesas e pela qualidade normalmente apresentada, criou uma legião de admiradores nos últimos anos, revolucionando e impulsionando a produção local.

  A Vinícola é a familiar Le Bertille, que é tocada por Olimpia Roberti e se localiza no coração da região de Montepulciano, onde se produzem os clássicos Chianti. Aqui foram usadas a Sangiovese 65%, a Merlot 20%, a Colorino 10% e a Ciliegiolo 5% e o vinho estagiou por 12 meses em carvalho francês.

  Aroma bem agradável balsâmico, um pouco ácido, frutas vermelhas, groselha e baunilha. Na boca o sabor é levemente picante, harmonioso com os aromas, elegante, médio corpo, com acidez destacada, notas de chocolate e um certo amargor herbal. Realmente se parece muito com um Chianti Clássico, mas a presença do merlot fez muito bem a este vinho, fornecendo uma força aromática difícil de verificar nos Chiantis tradicionais. Acredito que a decisão de incluir a cepa francesa foi muito feliz e valorizou bastante o vinho. Bom vinho que combinaria muito bem com massas em molho de tomates frescos e carne.

  CL 90


Savuto Odoardi 2013, Calabria, Itália

  A família Odoardi, possui raízes alemãs e tem longa tradição na região e a última geração está representada na Vinícola por Gregorio Odoardi e sua esposa Barbara.

  Produzido na região da Calabria no Vale de Savuto, ao extremo Sul da Itália, às margens do Rio Savuto, próximo ao Mar Tirreno, "na ponta da bota", região de topografia acidentada, que não é tão famosa, mas possui vinhos de qualidade e tem tradição que remonta à Grécia Antiga, inclusive há indícios que algumas cepas da região têm origem grega.

  As uvas utilizadas são pouco utilizadas fora da região, sendo 45% gaglioppo, 20% magliocco canino, 5% greco nero e 5% nerello capuccio e não estagia em carvalho, apenas 4 meses em cubas de aço inox.

  O aroma é bem interessante mesclando balsâmico, cravo da índia e baunilha e fruta doce madura, como sapoti, macaúba, ou lúcuma, de média intensidade. Muito bem equilibrado com taninos muito macios, muito sabor, bastante corpo, intenso. Ótimo e surpreendente vinho desta região pouco conhecida.

  CL 91


Primitivo di Manduria Similaun Capuzzimati 2013, Puglia, Itália

  A vinícola foi fundada em 1952 por Cataldo Capuzzimati e hoje é administrada por seus filhos e se localiza na região de Puglia, Sul da Itália, no "calcanhar da bota". Este rótulo é produzido na região da Manduria, com a DOC (denominação de origem) Primitivo di Manduria.

  A uva utilizada á a Primitivo, que é similar à Zinfandel, muito utilizada nos EUA. 

  Vinho produzido a partir de uvas velhas de 35 a 45 anos.

  No nariz fascina com seus aromas frutados e florais, como groselha doce, violeta e alfazema. Na boca é intenso, forte, macio, equilibrado, possui boa acidez, notas de frutas vermelhas e nozes, taninos precisos e domados, muito elegante e complexo. Excelente vinho, realmente empolga.

  CL 93


Amarone del Valpolicella Classico Monte Faustino, 2009 Valpolicella, Itália

 Proveniente da clássica região de Valpolicella, em Verona no Norte da Itália, onde o Amarone é a principal expressão de qualidade da região. Este rótulo é produzido pela família Fornaser, que cultiva as uvas no distrito de San Pietro em Cariano, nos vinhedos Monte Faustino.

 O processo utilizado para se produzir os Amarones,  passa pela secagem das uvas, sob temperatura e umidade controlados, por 4 meses, no processo de appassimento, que antecede a fermentação, o que concentra mais seu açúcar natural, em um método único, que gera vinhos muito particulares.

  Hoje a vinícola tem tecnologia avançada e busca conciliar a tradição com os novos conhecimentos de produção.

  No nariz o vinho chama a atenção, com destaque para amêndoas, baunilha, chocolate e madeira velha e úmida, com boa intensidade; com o tempo surgiram notas de queijo parmesão. Na boca é levemente picante, tem sabor muito intenso, persistente, macio, taninos firmes. Um vinho que te remete ao passado, me fez visualizar velhas cantinas mofadas, escuras, tradicionais, com queijos pendurados e garrafas com teias de aranha nas antigas prateleiras (tudo no bom sentido). Um vinho para apreciar com concentração e notar suas particularidades.

  CL 94
  
  

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Degustação do Lima Meyer, 2008; Cabreo Il Borgo Folonari 2011 e Nicasia Red Blend Cabernet Franc 2014

  Em nova reunião da nossa Confraria, realizada em 09/06/2016, realizamos a degustação de 3 rótulos com distintas características , mas que agradaram bastante.


Lima Meyer, 2008, Alentejo, Portugal

  A Lima Meyer é uma empresa familiar dirigida e concebida por seu gerente Thomas de Lima Meyer e sua esposa, que funciona nas terras da própria família desde o ano 2000. O enólogo Rui Reguinga trabalha na parte técnica dos vinhos. Localiza-se na Quinta de São Sebastião, em Monforte na região do Alto Alentejo. Utiliza normalmente uvas francesas e ibéricas para a produção de seus rótulos.

  Este rótulo foi produzido a partir das uvas shiraz, aragonês e alicante bouschet e estagiou por 12 meses em barris de carvalho francês e 6 meses na garrafa antes da comercialização.

  Possui aromas sutis e bem agradáveis a balsâmico, frutas negras e baunilha. Na boca percebem-se taninos discretos, o álcool predomina, denota um leve amargor, madeira suave e dá a sensação que falta um pouco mais. É um vinho bom para tomar, mas simples.

  CL 87


Cabreo Il Borgo Folonari 2011, Toscana, Itália

 Este exemplar faz parte dos vinhos conhecidos como "Super Toscanos", que são os vinhos de alta gama da região, que não seguem as normas de produção clássicas italianas e não utilizam o DOC (Denominação de Origem Controlada) local, como por exemplo, descartam a regra de utilização obrigatória e exclusiva das uvas autóctonas e típicas, sendo mais livres para a escolha das uvas e do seu manuseio. Normalmente mesclam uvas italianas com uvas francesas e pela qualidade normalmente apresentada, criou uma legião de admiradores nos últimos anos, revolucionando e impulsionando a produção local.

  A família Folonari é muito tradicional, cultiva uvas e produz vinhos, desde o final do século XVIII. Hoje o responsável pela produção é o representante da oitava geração, o engenheiro Giovanni Folonari, que trabalhou  com Robert Mondavi em 1989 na Califórnia e o famoso produtor de Chiantis, Ruffino, de 1991 a 2000, quando organizou seu próprio empreendimento com seu pai Ambrogio Folonari, um prestigiado enólogo, nascia a Ambrogio e Giovanni Folonari Tenute, que começou a executar  pequenas produções de vinhos de alta gama na Toscana.

  Hoje a linha Cabreo produz 2 vinhos, o que degustamos, um sangiovese com cabernet sauvignon e outro branco, elaborado com chardonay. As uvas tintas são plantadas no vilarejo de Greve, na região dos Chiantis Clássicos, na propriedade denominada Fattoria di Zano, as uvas chardonays, mais ao sul de Greve na propriedade Casa di Sala.

  Este vinho estagiou 16 meses em carvalho franceses e 6 meses em garrafa. Foi produzido com 70 % sangiovese e 30% cabernet sauvignon.

  Na degustação o vinho mostra muitas qualidades, é introspectivo, noturno, induz àquela sensação de seriedade e de concentração, para perceber as sutilezas que ele apresenta. O aroma é fascinante, com destaque para as frutas negras, como amoras e mirtilos, e figos secos, mas não têm grande persistência. No paladar mostra coerência com os aromas, é frutado, possui taninos marcantes, boa acidez e equilíbrio correto. Forte personalidade, final marcante, com a sutileza da madeira e dos taninos domados e um retrogosto que me fez lembrar a azeitonas verdes. Vinho especial.

  CL 92



Nicasia Red Blend Cabernet Franc 2014, Mendoza, Argentina

  A história da Catena Zapata se confunde com a produção de malbec na Argentina, quando o patriarca da família veio da Itália no final do século 19 com as primeiras mudas. De geração em geração fizeram uma verdadeira revolução nos métodos, no manejo e na produção do vinho. Hoje seu produto é um dos mais renomados da Argentina e não só com o malbec, mas com o chardonay, o cabernet sauvignon e outras uvas que ela produz.

  A elaboração dos vinhos em que predomina a cabernet franc, que eram há até pouco tempo raros de se encontrar, está em um forte crescimento entre os vinhos de qualidade argentinos, tornando-se cada vez mais frequentes os lançamentos de ótimos rótulos desta uva. Aqui a Catena Zapata utiliza esta cepa em 90% de sua composição, complementando com 7% merlot e 3% petit verdot.

  A Nicasia é uma das linhas de entrada desta vinícola, que praticamente só é encontrada no mercado local argentino, embora seja possível encontrar uns poucos rótulos no Brasil, mas quando se fala da Catena Zapata, sempre podemos esperar qualidade.

  Este rótulo teve suas uvas cultivadas na Fazenda Altamira, São Carlos, em Lujan de Cuyo, em Mendoza a 1200 metros de altitude e após vinificado estagiou por 1 ano em carvalho francês, sendo 30% novos.

  Na degustação, os aromas são de pouca intensidade, mas bem agradáveis, com destaque para as frutas negras, baunilha e notas herbais. Na boca aparecem poucos e suaves taninos, tem boa acidez e predomina a fruta, tem bom equilíbrio e não é muito complexo, nem muito intenso.

 No entanto, para analisar este vinho eu descartaria um pouco os aspectos mais técnicos e destacaria sobremaneira o sabor, que para mim, é delicioso, um vinho que valoriza essencialmente o prazer de ser tomado e apreciar seus sabores frutados e envolventes. Quisera eu, ter para tomar um vinho como este no dia a dia pelo custo que se vê na Argentina (cerca de R$ 30,00), seguramente seria um dos que eu mais consumiria.

  CL 88
  
  

domingo, 3 de abril de 2016

Degustação do Señorio del Tallar, Sotorrondo Jimenez Landi, Ludovico Orestiadi e Gran Vin Goulart

  Dia 23/03/2016 fizemos nosso encontro para degustar 5 rótulos que elencamos, sendo 2 espanhóis, um italiano e 2 malbecs argentinos. O argentino Achaval Ferrer Malbec 2012, que era o mais esperado da noite, teve algum problema, o qual alguns de nosso grupo detectaram no paladar e chegou-se à conclusão que estava um pouco avinagrado, nada intragável, mas que comprometeu o resultado, o que por ser um vinho jovem, deve ter havido algum problema nesta garrafa específica. Em vista disso não o demonstraremos, nem tampouco pontuaremos.

 Seguem as degustações:

 

Señorio del Tallar, 2012, Ribera del Duero, Espanha

  Produzido pela bodega La Milagrosa, em Ribera del Duero, uma das regiões vinícolas da Espanha de maior prestígio, onde a uva tempranillo encontrou excelentes condições de mostrar seu potencial, como neste rótulo o faz.

  A vinícola foi fundada em 1962, como cooperativa e com o crescimento da região hoje conta com mais de 200 associados. Teve uma grande reformulação em 1998 modernizando seus processos e produzindo vinhos de qualidade.

 Aroma a frutas negras, balsâmico e de boa intensidade. Na boca mostra ser macio, intenso, taninos perfeitamente domados, boa estrutura, aveludado, notas de frutas negras e violetas. No final de boca apresenta sabor de madeira residual e leve amargor. Um vinho muito agradável.

  Avaliação:

  CL 91

  Quanto custa:

  No Brasil R$ 92,00

  Nos EUA U$ 20,00

Sotorrondero Jimenez Landi, 2012, Méntrida, Espanha

 A Vinícola espanhola Jimenez Landi, está localizada na Denominação de Origem (DO) Méntrida, que se localiza a Oeste de Madri e ao Norte de Toledo. Nesta região se produz vinhos há séculos e predomina o cultivo da uva garnacha. 

 A Jimenez Landi é uma empresa familiar que desde 2004 produz seus vinhos originados de seus próprios vinhedos, os quais são focados na garnacha e algumas outras variedades.

 Este vinho foi produzido com uvas orgânicas, sendo 90% garnacha e 10% shiraz e estagia por 10 meses em carvalho francês de diversos usos.

  No nariz destacam-se frutas vermelhas e groselha e é seu ponto forte. Na boca mostra-se um vinho refrescante, ligeiro, aguado, com acidez acentuada e sem persistência alguma. Um vinho sem muitos predicados que não empolga, mas que pode ser apreciado quase como um vinho branco, em função da refrescância e acidez ou por iniciantes que busquem muito descompromisso.

 Realmente não entendo a boa pontuação que alguns críticos internacionais atribuiram a este exemplar, a menos que este lote comprado na Wine do Brasil, seja diferente do que se degusta lá fora. Mau custo-benefício.

 Avaliação CL 86

 Quanto custa:

 No Brasil R$ 116,00

 Nos EUA U$ 15,00

  

Ludovico, Orestiadi, 2009, Sicília, Itália

  A vinícola italiana  Tenute Orestiadi localiza-se na comuna de Gibellina, parte Oeste da Ilha da Sicília, onde tradicionalmente se utiliza muito a uva Nero D'Ávola.

   A Fundação Orestiadi, responsável pela vinícola e por trabalhos culturais de valorização de artistas locais, foi criada pelo falecido senador italiano Ludovico Corrao, trabalha no sistema de cooperativa e tem a filosofia de conciliar a tradição e o destaque do terroir local com as técnicas modernas de produção.

  Este vinho foi produzido a partir da tradicional uva Nero D'Avola (90%) e de cabernet sauvignon (10%), estagiou 12 meses em carvalho francês e 6 a 8 meses em garrafa.

  O aroma é bem interessante, destacando-se frutas vermelhas, especialmente morangos e algo que lembra a carne fresca (o que não é comum, mas não desagradou). Na boca tem boa persistência, taninos suaves, boa acidez, notas de chocolate, frutas vermelhas e queijo suave. É um vinho com personalidade e bem diferente. Certamente não agradará a todos, mas é uma boa experiência para sair do lugar comum. Harmoniza muito bem com carnes vermelhas grelhadas ou assadas, como o contra-filé ou a fraldinha.

  Avaliação:

  CL 89

  Quanto custa:

  No Brasil R$ 160,00

  Nos EUA U$ 17,00



Gran Vin Goulart Malbec, 2010, Mendoza, Argentina

 A Vinícola Marshall foi fundada por Erika Goulart, uma paulistana que herdou  terras em Mendoza de seu avô, o Marechal Gastão Goulart, que havia se exilado na Argentina após a Revolução Constitucionalista de 1932.

  Consta que em 1995 a brasileira descobriu, revirando seus papéis, a escritura deixada pelo avô da propriedade em terras mendocinas, quando decidiu viajar ao país hermano, tomar posse da área e empreender em 1996 a produção de uvas no local. Mais tarde, em 2005, produziu suas primeiras garrafas.

  Hoje administra junto com seu marido a vinícola. É uma produtora respeitada, com vinhos considerados de qualidade e ostenta várias premiações relativas à sua produção.

  Este malbec estagia por 14 meses em barris de carvalho francês novos e é um dos destaques da vinícola.

  Degustado em 29/03/2016.

  Aromas de frutas vermelhas, como morangos frescos e frutas negras em compota, chocolate e violetas. Na boca tem boa intensidade, picante, bons taninos, encorpado, bom equilíbrio e um final de boca amadeirado com leve amargor. Agradou bastante.

  Avaliação:

  AR 91

  Quanto custa:

  Outra safra no Brasil R$ 170,00

  outra safra nos EUA U$ 49,00

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Degustação do PI Consejón; Toro de Piedra Carmenere cab, Las Perdices reserva malbec e Vigno Carignan

Em 15 de janeiro de 2016 fizemos a degustação de alguns rótulos com interessantes resultados:



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Pi Concejón 2008 ,Aragón, Espanha

  Produzido pela Vinícola Langa da região de Aragón, Calatayud, noroeste da Espanha. Uma vinícola familiar que funciona desde 1867 e hoje busca fazer vinhos e espumantes (cavas) em pequena escala, mas com excelência na qualidade.

  Esta uva pouco conhecida chamada concejón é autóctona de Aragón e tem semelhança genética com a monastrell.Exibindo 20160114_203221.jpg

  Como a área de produção da concejón nas terras da vinícola perfaz 3,14 hectares, veio o nome da constante matemática Pi, que batiza este vinho.

  Aroma a frutas negras, floral, balsâmico, figos maduros e levemente adocicado. Sabor intenso e agradável, acidez marcante, herbal, taninos firmes e bem domados, amadeirado e tostado. Ótimo vinho.

CL 90
Toro de Piedra Carmenere cabernet sauvignon, 2013, Vale do Maule, Chile

  Fundada em 1961 pelo atual presidente Santiago Achurra Larraín, a vinícola Requingue nos traz este Toro de Piedra Carmenere, produzido a partir de uvas cultivadas no Vale do Maule e composta por 15% de cabernet sauvignon. Estagiou por 12 meses em barris de carvalho americanos e franceses, sendo 30% novos.

  Aroma a frutas vermelhas frescas, levemente adocicado. Sabor picante, frutado, bons taninos suaves, notas de pimentão, chocolate e tostado. Um carmenere bem típico que agrada sem empolgar.

  CL 88



Las Perdices Reserva Malbec, 2011, Mendoza, Argentina

  A Vinícola Las Perdices foi fundada em 1952 pelo espanhol Juan Muñoz Lopes e hoje é um empreendimento familiar sólido em Agrelo, Lujan de Cuyo em Mendoza.

  O nome Las Perdices é uma homenagem do fundador devido a presença constante das aves em suas terras, que sempre o acompanharam desde o início do negócio.

  Aroma a frutas negras e vermelhas, aveludado, com notas de baunilha e ameixa. Sabor picante, intenso, amadeirado, frutas e pimenta do reino. Equilibrado. Bom vinho, mas também não empolga muito.

CL 88




Vigno Carignan, 2012, Vale do Maule, Chile

   A vinícola El Pequeño Almacén de Sauzal, que foi fundada em 2010, de propriedade de Renan Cancino, produz este vinho de maneira tradicional, artesanal e em pequena escala no povoado de Sauzal no seco interior do Vale do Maule.

  A filosofia do produtor é repaginar as tradições locais com um vinho feito às antigas, fugindo da produção moderna mais tecnológica, mas com o conhecimento acumulado, utilizando os métodos tradicionais. Até o invólucro que protege a rolha foi substituido por um rústico lacre vermelho que parece fabricado com cera, muito interessante.

  Não há tanques de aço inox, computadores, prensas mecânicas, adição de conservantes, nem sulfitos. Mantém o mosto em grandes jarros cerâmicos, utiliza a madeira com parcimônia e leveduras naturais. Produz castas menos cultivadas no país, como a carignan, a garnacha e a pais (ou chilena).

  Este rótulo é a carignan, que apresentou aroma ácido, diferente do usual, frutas, leite fermentado, queijo e com o tempo adocicou bastante. No paladar é extremamente ácido, rústico, forte e intenso. Um vinho diferente, conceitual e intrigante. A princípio se estranha, mas é interessante entender a proposta e curtir um vinho que busca as origens desta arte e faz valer a pena a experiência retrô.

Não é pontuável.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Degustação de vinhos Chilenos: Calyptra Reserva Assemblage, Calyptra Assemblage Gran Reserva, Huazo de Sauzal, Vertice Ventisquero, Max Reserva Errazuriz e Trio da Concha y Toro

  Em 11/11/2015 realizamos uma agradável degustação de 6 vinhos chilenos, explorando alguns produtores e algumas das diferentes regiões de produção deste país.


Vivendo Calyptra Reserva Assemblage, 2010, Vale de Cachapoal, Chile


   Esta vinícola que se iniciou em 1989 pelo cirurgião Dr. Jose Zahri, a princípio com fins de hobbie, em pouco tempo, tornou-se coisa séria, quando percebeu o forte potencial das terras que cultivava, localizadas no Alto Cachapoal, a quase 1.00 metros de altitude, com clima mediterrâneo moderado, de noites frias, chegando a nevar no inverno e com ventilação constante, favorecendo um lento amadurecimento das uvas. Possui terras com baixa fertilidade bem adequadas ao desenvolvimento do estresse controlado das videiras.

  Hoje é uma das vinícolas muito respeitadas no Chile que criam vinhos honestos, que refletem o terroix local, almejando a excelência, produção que respeite a natureza e como eles dizem, buscam produzir um "vinho com raízes".

  Este vinho de cor rubi intenso, produzido com 68% merlot, 22% cabernet sauvignon e 10% shiraz, abriu a noite. No nariz percebem-se aromas sutis e pouco intensos a balsâmico e frutas maduras, aveludado. Na boca tem acidez marcante, com notas de azeitonas negras e frutas negras. Um pouco ferroso, é um vinho com personalidade, apesar de um certo desequilíbrio.

  CL 88



Calyptra Assemblage Gran Reserva, 2009, Vale de Cachapoal, Chile

  Nota-se a mesma origem do rótulo anterior, mas com mais madeira, equilíbrio e força aromática. Aqui a ordem se inverteu e prevalece o merlot 58% e o Shiraz 37% e apenas 5% de cabernet sauvignon e este blend ganhou muito. Estagiou 26 meses em carvalho francês.

  No nariz é mais intenso, destacando o balsâmico e as frutas negras. A acidez é bem presente e apresenta um excelente equilíbrio com os taninos marcantes da madeira mais intensa, bem domados. 

  Pela diferença de preço pequena praticada aqui no Brasil, tem uma relação custo benefício muito melhor que o rótulo degustado antes da mesma vinícola. Bom vinho.

  CL 90


Huazo de Sauzal, 2013, Vale do Maule, Chile

   A vinícola El Pequeño Almacén de Sauzal, que foi fundada em 2010, de propriedade de Renan Cancino, produz este vinho de maneira tradicional, artesanal e em pequena escala no povoado de Sauzal no seco interior do Vale do Maule.

  A filosofia do produtor é repaginar as tradições locais com um vinho feito às antigas, fugindo da produção moderna mais tecnológica, mas com o conhecimento acumulado, utilizando os métodos tradicionais. Até o invólucro que protege a rolha foi substituido por um rústico lacre vermelho que parece fabricado com cera, muito interessante.

  Não há tanques de aço inox, computadores, prensas mecânicas, adição de conservantes, nem sulfitos. Mantém o mosto em grandes jarros cerâmicos, utiliza a madeira com parcimônia e leveduras naturais. Produz castas menos cultivadas no país, como a carignan, a garnacha e a pais (ou chilena).

  Empolgados com a proposta retrô e ao mesmo tempo inovadora provamos este exemplar que foi produzido com a casta pais.

   Logo ao colocarmos na taça, verificamos um líquido roxo intenso e turvo, denso, que obviamente dispensou a filtragem mais rigorosa.

  No nariz o aroma é pouco intenso, com notas de cravo e aniz, muito diferente. Esta rusticidade percebe-se ainda mais no paladar, com forte acidez, muita intensidade, herbal, notas de eucalipto e hortelã, um pouco terroso. Apesar da rusticidade, a certa falta de equilíbrio não incomodava e era compensada pelos sabores e pela inovação. Um vinho com personalidade única. Vale a pena conhecer.

CL 90

  Trio da Concha y Toro, 2010, Vale do Maipo, Chile

    Produzido pela gigante chilena Concha y Toro, uma das maiores produtoras do mundo, este vinho é um dos mais conhecidos na cena brasileira. Qual apreciador de vinhos nunca tomou um Trio? Muito pelo preço, mas também por ser considerado uma ótima opção de vinho para o dia a dia.

    Este foi produzido com 70% cabernet sauvignon, 15% cabernet franc e 15% shiraz e estava em seu auge. De rubi intenso, apresentou aromas um pouco fracos, com notas de fermento, frutas vermelhas maduras e balsâmico. Na boca teve bom equilibrio, frutado, com taninos suaves, macio, agradável, porém de baixa persistência. Agradou, como sempre, mas tem suas limitações.

CL 88



Max Reserva Errazuriz Carmenere, 2012, Vale do Aconcágua, Chile

  A Errazuriz foi fundada em 1870 e passou por muitos percalços ao longo da história, desde um terremoto que quase destruiu tudo em 1906, até um traumático período político de reformas agrárias e restrições de consumo, mas ela conseguiu se segurar e evoluir. 

  Em 1995 formaram uma joint venture com o famoso americano Robert Mondavi abrindo a Vinícola Seña, o primeiro de alta gama chileno. Em 2010  inaugurou a Vinícola Dom Maximiano, com a mesma proposta. Nos últimos anos a Errazuriz se consolidou como um dos principais produtores do país,  com técnicas sustentáveis, vinhos de qualidade e premiados internacionalmente.

 Abastecida pelo rio Aconcágua, no Vale de mesmo nome, estão as belas terras de cultivo da vinícola. Com clima mediterrâneo temperado e solos de origem vulcânica, acumulam conhecimento e tecnologia para produzirem grandes vinhos.

  Este carmenere degustado de cor rubi violáceo, tem no belíssimo aroma um de seus pontos altos, com uma intensidade impressionante, demonstra notas de frutas vermelhas maduras e em compota. Na boca é intenso, picante, forte, sabor a amoras, mirtilo, pimenta do reino e pimentão fresco. Taninos redondos e bom equilibrio. Um excelente vinho.

  CL 92



Vertice Ventisquero, 2010, Vale do Colchagua, Chile

    A vinícola criada em 1998, foi certificada em  2012 como vinícola 100% sustentável e está sob o comando do enólogo Felipe Tosso, produz vinhos de qualidade e têm tido bastante entrada no mercado brasileiro. Desde os vinhos mais simples aos mais elaborados ela costuma agradar e este rótulo, um de seus ícones, não foi diferente. 

 Produzido em parceria entre Felipe Tosso e o australiano John Duval, com carmenere 52% e shiraz 48%, estagiou 18 meses em carvalho francês e 6 meses em garrafa.

  De cor vermelha intensa, chega no nariz abrindo aromas complexos e intensos, a frutas vermelhas, cerejas negras e notas herbais. Na boca mostra ser aveludado, intenso, potente, picante, notas de frutas negras e pimenta do reino, estimula a salivação, taninos macios, absolutamente equilibrado. Um vinho excepcional.

CL 93